2008-07-31

Mamãs e Papás em alerta!


Decerto porque (desde o início do ano) o maior número de acidentes fatais em piscinas, envolvendo crianças, se registou no Algarve, o Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio promoveu a campanha “Mamãs e Papás em alerta!”.

No âmbito desta acção, estão já em curso o “Contacto directo dos profissionais de saúde com os pais, no sentido da sensibilização para esta causa e alertando para a prevenção e vigilância” e a “Realização de sessões de esclarecimento em infantários e creches do Concelho de Portimão sob a temática da Prevenção para o Afogamento”.

Serão implementadas outras medidas, para que a água não seja uma “fonte de Tragédia”.

Piscinas: a segurança das crianças.


Desde o início do ano, em Portugal, morreram 8 crianças afogadas em piscinas. 50 % dos acidentes registaram-se em piscinas particulares. Admitamos que se trata de um número muito elevado para acidentes mortais que podem – e devem – ser evitados. Adoptando-se medidas preventivas.

Na ausência de regulamentação específica sobre a construção e a utilização de piscinas, a APSI, Associação Para a Promoção da Segurança Infantil, “alerta para a necessidade de criar "legislação adequada a cada região do País", no que respeita às barreiras e vedações de piscinas e poços, que podem diminuir os riscos de afogamento em mais de 90%”.

Entretanto, nós recomendamos a divulgação do cartaz que recolhemos no Boletim Informativo de Abril. Maio, Junho de 2007 da Associação Portuguesa de Profissionais de Piscinas, Instalações Desportivas e Lazer. Para que as crianças se possam divertir em segurança.

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NC: Embora nos pareça tratar-se de uma informação dispensável (para a generalidade dos leitores do JSA), lembramos que clicando sobre a imagem amplia-se o cartaz para que fique legível.

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2008-07-30

Um hotel para seniores, uma cidade para quem?


Braga vai receber unidade hoteleira dirigida à população sénior”. Um título sugestivo para uma notícia - publicada na página “Actualidade” do suplemento Imobiliário distribuído pelo Público (edição de hoje, 08/07/30) - susceptível de corresponder às pretensões de muitos dos cidadãos que se interessam pelos problemas associados ao envelhecimento da população. Como afirma um administrador do grupo responsável pelo empreendimento, “pretendemos criar respostas de alta qualidade e valor para o público sénior que, segundo a União Europeia, deverá englobar 32 por cento da população portuguesa dentro de poucos anos”.

No plano conceptual nós discordamos deste tipo de soluções. Porque não integram, discriminam, separam, criam ghettos. São a prova inquestionável de que a cidade que se constrói toma como referência o cidadão saudável, apto, autónomo e que não envelhece.

Sem nos afastarmos do âmbito dos estabelecimentos hoteleiros, não seria (não será) socialmente mais justo projectar e construir de modo que todos os cidadãos frequentem os mesmos locais e tenham acesso aos serviços que as condições de mobilidade e de saúde exigem?

Nós acreditamos que a persistência nas soluções que diferenciam negativamente produzirá conflitos éticos que se avolumarão e terão impactos políticos funestos.

Entendemos que é tempo de se adoptar uma outra atitude cívica, uma política efectivamente socializante. Para que todos habitemos a cidade, cidade que é de todos.
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Ilustração: Fotografia recolhida em Jornal Digital

2008-07-29

“Cuil”- the world’s biggest search engine


Cuil é um novo motor de busca que se propõe competir com o da Google. Criado por ex-engenheiros desta empresa, tem diferenças significativas para quem recorre à Internet para pesquisar a informação de que precisa. Embora o design seja importante, as diferenças significativas não são apenas formais: a informação que disponibiliza sobre cada página optimiza a pesquisa.

Aos leitores do JSA propomos que experimentem o Cuil - “an old Irish word for knowledge”. Nós já o guardámos na pasta de Favoritos.

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Ilustração: Fotografia recolhida em cuil.

Herdade dos Gagos: a Resolução sobre a Prisão


Depois de lermos no Portal do Governo que “O Conselho de Ministros de 24 de Julho aprovou um conjunto de diplomas que se enquadram na reforma do parque prisional, visando o reforço da segurança, a melhoria das condições de reclusão e das condições de trabalho dos funcionários do sistema prisional (…)” consultámos o Comunicado do Conselho de Ministros daquela data.

Transcrevemos o Número 2. daquele Comunicado, relativo à “Resolução do Conselho de Ministros que define o enquadramento dos procedimentos relativos à concepção-construção das novas instalações do Estabelecimento Prisional do Vale do Tejo, bem como autoriza o Ministério da Justiça a abrir o respectivo concurso”:

Esta Resolução vem aprovar a realização dos procedimentos necessários para a construção do Estabelecimento Prisional do Vale do Tejo sobre uma parcela de terreno, com área de 42 hectares, a destacar do prédio rústico, designado como Herdade dos Gagos na Freguesia de Fazendas de Almeirim, Conselho de Almeirim, delegando no Ministério da Justiça a competência para a execução de todos os actos necessários.

Neste sentido, fica o Ministério da Justiça, através do Instituto de Gestão Financeira e de Infra-Estruturas da Justiça, I.P., autorizado a abrir o procedimento destinado à adjudicação da empreitada de concepção-construção do Estabelecimento Prisional do Vale do Tejo.

Autoriza-se também o Instituto de Gestão Financeira e de Infra-Estruturas da Justiça, I.P. a abrir o procedimento adjudicatório para a contratação de empresas para análise de propostas relativas à referida adjudicação”.

Admitimos que os “procedimentos necessários para a construção” apontados no primeiro parágrafo não consistam apenas na “adjudicação da empreitada de concepção-construção” nem no “procedimento adjudicatório para a contratação de empresas para análise de propostas relativas à referida adjudicação” mencionados nos restantes parágrafos. Até porque compete ao Ministério da Justiça a “execução de todos os actos necessários”, admitimos que aqueles procedimentos não excluirão um Estudo de Impacte Ambiental – que, em conformidade com o Decreto-Lei Nº. 186/90, de 6 de Junho (*), exige que se promova “uma consulta do público interessado, de molde a permitir uma alargada participação das entidades interessadas e dos cidadãos na apreciação do projecto”.

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(*) O Decreto-Lei Nº 186/90, de 6 de Junho, “Sujeita a uma avaliação de impacte ambiental os planos e projectos que, pela sua localização, dimensão ou características, sejam susceptíveis de provocar incidências significativas no ambiente”.

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Ilustração: Fotografia recolhida em O Pincel

O comércio das peças de caça


Entre outros diplomas, o Diário da República de hoje (08/07/29) publica a Portaria Nº. 699/2008 que tem como objecto regulamentar “as derrogações previstas no Regulamento (CE) n.º 853/2004, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de Abril, e no Regulamento (CE) n.º 2073/2005, da Comissão, de 15 de Novembro, para determinados géneros alimentícios”.

Para a leitura desta Portaria, recomendamos aos leitores do JSA que se munam de um dicionário, de uma lapiseira e de um bloco de apontamentos; e, sobretudo, de muito boa vontade para cumprir a tarefa. Porque o texto é exigente.

A título tão-somente ilustrativo, transcrevemos o Artigo 7º. - Pequena quantidade de peças de caça e carne de caça selvagem a fornecer pelo caçador:

"1 — O fornecimento de peças de caça selvagem pelo caçador directamente ao consumidor final ou a estabelecimentos de comércio retalhista que abasteçam directamente o consumidor final é abrangido pelo disposto na alínea e) do n.º 3 do artigo 1.º do Regulamento (CE) n.º 853/2004 quando seja das espécies e nas quantidades máximas de:

a) Lebre — 1 por dia;
b) Coelhos bravos — 10 por dia;
c) Passeriformes — 15 por dia;
d) Faisões e perdizes — 3 por dia;
e) Columbiformes — 30 por dia;
f) Ralídeos e anatídeos — 10 por dia;
g) Codornizes — 5 por dia.

2 — Não é permitida, além da evisceração, qualquer operação de preparação das carcaças.

3 — O fornecimento pelo caçador referido deve ser efectuado no prazo máximo de doze horas após a caçada.

4 — O caçador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comércio retalhista ao qual forneça peças de caça selvagem directamente o documento de acompanhamento de modelo a divulgar na página oficial da Internet da Direcção -Geral de Veterinária"
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Ilustração: Fotografia recolhida em Santo Huberto – Portal do Caçador

2008-07-24

A conservação da natureza e a biodiversidade


Hoje, o jornal oficial publica o Decreto-Lei Nº. 142/2008, diploma que “Estabelece o regime jurídico da conservação da natureza e da biodiversidade e revoga os Decretos-Leis n.os 264/79, de 1 de Agosto, e 19/93, de 23 de Janeiro”.

São 16 (dezasseis) páginas para ler com atenção – missão que ainda não cumpri –, porquanto (aquele diploma legal) revoga artigos de mais de uma dezena decretos-lei. Facto que, num país cujo governo é presidido por um ex-Ministro do Ambiente, não deve de nós merecer outra atitude. Para melhor cuidarmos da natureza e da biodiversidade...

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Ilustração: Fotografia recolhida em Geopark Naturtejo da Meseta Meridional.

2008-07-21

Uma mulher frágil


Admitamos: talvez não seja uma mulher bonita, mas é uma mulher com encanto. Escreve. Escreve romances, livros. Muitos. Mais de uma dezena, desde o final do século passado. Quase todos ou mesmo todos com êxito no volume de vendas. Tem por conseguinte leitores perseverantes. Mas não tem a adesão da crítica literária. Em cerca de uma dezena de anos ainda não li uma única nota analítica favorável ao que a Margarida Rebelo Pinto escreveu. Talvez os críticos não sejam sensíveis ao seu modo de escrever, que classificam de “não literatura”.

Eu confesso que não li nenhum dos seus livros. Mas comprei bastantes (a pedido), para os oferecer à minha filha. Que os lê, com gozo e por vezes os discute comigo. Talvez o público para quem escreve seja a população juvenil. Não sei…

Da Margarida Rebelo Pinto eu lia, há muitos anos - com agrado, anoto -, uma pequena rubrica que mantinha num suplemento semanal do “Diário de Noticias”. Lembro-me do título: - “Pluma Silenciosa”, um título que necessariamente me lembrava um outro, o das crónicas da Clara Ferreira Alves, “Pluma Caprichosa”, na revista do “Expresso” que agora dá pelo nome de “Única”. Provavelmente, eu deixei de ler o “Diário de Noticias” antes da Margarida acabar com a crónica. Discreta, silenciosa. Para optar pelos romances, pela literatura dita "ligt" – expressão que apesar de ser de qualidade duvidosa a autora decidiu agora assumir ao publicar “Português Suave”. Que pelas transcrições que já li nos textos de análise crítica será sobretudo “hard” – embora, como escreve Maria Conceição Caleiro no “Ípsilon” (suplemento do “Público” edição de 08/07/11), não ultrapasse “o grau zero do erotismo”…

A Margarida Rebelo Pinto não será uma mulher bonita. Mas é, sem dúvida, uma mulher com encanto. De aparência frágil mas obstinada: - um dia escreverá um livro que eu lerei. Sem reticências.

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Ilustração: Fotografia recolhida em Margarida Rebelo Pinto.

Uma prisão na Herdade dos Gagos


O que sabemos sobre a provável transferência do estabelecimento prisional de Lisboa para a Herdade dos Gagos, entre Paço dos Negros e Marianos, é somente o que lemos na imprensa, sobretudo na imprensa regional – com destaque para O Mirante, semanário que no Ribatejo é (também) distribuído pelo Expresso. E o que sabemos suscita-nos algumas questões, que expomos de modo sucinto:

O protocolo

A opção pela construção do estabelecimento prisional naquele local terá sido objecto de um protocolo assinado pelos líderes das autarquias de Almeirim (Câmara Municipal) e de Fazendas de Almeirim (Junta de Freguesia) e o Ministério da Justiça em ambiente de secretismo. Aparentemente, nem os vereadores nem as assembleias (municipal e de freguesia) tiveram conhecimento prévio da decisão. Um facto que é politicamente muito discutível.

Umas quantas semanas depois do anúncio público, o texto do protocolo ainda não foi divulgado.

Ainda o protocolo

Como o secretismo se mantém, aumentam as especulações. Especulações de natureza política, designadamente sobre a competência dos autarcas para a tomada daquela decisão, e outras de carácter diverso, com relevo para as contrapartidas que terão sido negociadas com os representantes do governo central.

Neste aspecto, o que sabemos é que depois de se dizer que os agricultores locais seriam beneficiados, porque passariam a abastecer directamente o estabelecimento prisional com produtos hortícolas, se disse que a população das duas povoações teria acesso a serviços de saúde que as Extensões do Centro de Saúde de Almeirim existentes não prestam por falta de recursos humanos e tecnológicos, e que agora se diz que a construção da prisão exigirá a presença de dezenas de trabalhadores que necessariamente precisarão de comer e de dormir e que por consequência animarão o comércio local, frequentando os restaurantes e alugando quartos ou casas…

Estas hipotéticas contrapartidas, anunciadas de semana a semana, não satisfazem a população e concorrem para o recrudescimento da especulação.

A implantação

O local previsto para a construção é uma área de montado de sobro. Independentemente de sabermos que o sobreiro é uma árvore protegida, admitimos que a construção obrigue a uma alteração do PDM, Plano Director Municipal – documento que (ainda) não consultámos -, que decerto não prevê que aquele local seja urbanizável. Alteração que para ser aprovada precisará de ser discutida em sede própria, com os vereadores de todos os partidos representados nas autarquias e os mandatários dos organismos públicos de diferentes ministérios. E de consulta pública, publicitada de acordo com a legislação em vigor.

O impacte ambiental

Admitindo, no domínio das hipóteses, que a construção se concretizará, observamos: (i) a população residente do estabelecimento prisional será superior a um milhar de pessoas, quase tantas como a totalidade da população das duas povoações mais próximas; (ii) tanta gente exigirá investimentos noutros recursos energéticos (electricidade) e em saneamento básico (abastecimento de água, necessariamente de origem subterrânea; drenagem e tratamento de águas residuais, cujo destino final será a Ribeira de Muge – que serve os campos de arroz a jusante; tratamento de resíduos sólidos, que serão recolhidos e transportados para o aterro sanitário da Raposa – que, como sabemos, está no limite em relação á viabilidade de utilização); (iii) é admissível que a população itinerante (familiares dos reclusos, advogados, técnicos de diversas disciplinas, abastecedores, etc.) duplique a população residente, o que se traduzirá no aumento exponencial do trânsito automóvel, com todas as consequências associadas: tráfego intenso, poluição ambiental, risco de acidentes rodoviários – factores que são susceptíveis de pôr em causa as actividades agrícolas e a saúde e a segurança da população.

Comentário final (mas não por fim)

Não acreditamos que a instalação de um estabelecimento prisional, na Quinta dos Gagos ou noutro local qualquer, seja um factor de progresso.

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NC: Ao terminarmos a redacção deste apontamento, vemos na televisão – pela RTP-2 – uma reportagem sobre a presença de Francisco Louça (do BE, Bloco de Esquerda) no local previsto para a construção do estabelecimento prisional. Obviamente, disse não.

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Ilustração: Fotografia recolhida em Nós somos capazes!

2008-07-17

A TVI, a energia nuclear e o futebol


Hoje, pelas 20.30 horas, depois de uma peça sobre a visita de Manuela Ferreira Leite a Bruuxelas, onde a líder do PSD (Partido Social Demoicrata) se reuniu com Durão Barroso (Presidente da União Europeia) e com quem terá discutido a opção pela energia nuclear sugerida por Victor Constâncio, o jornalista (que apresenta o telejornal) introduziu o comentário de Miguel Sousa Tavares (convidado da TVI, à quinta-feira, para analisar os principais acontecimentos nacionais e estrangeiros). Pouco tempo depois, o jornalista interrompe o comentador para anunciar a transmissão em directo da apresentação de um jogador de futebol, em conferência de imprensa que decorre num estádio de futebol lisboeta.

Uma opção editorial que parece confirmar que de facto vivemos em “Portugoal”… Parece, porque há quem resista à alienação e pugne por um país de verdade, um país que se debate com graves problemas socioeconómicos que não se resolverão (permitam-me o plebeísmo) com pontapés na bola.

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Ilustração: Imagem recolhida em CMI, Centro de Mídia Independente

Pela sua saúde, proteja-se do calor!


Com o objectivo de proteger a saúde das pessoas, particularmente das mais vulneráveis (crianças, idosos, doentes crónicos, doentes acamados, pessoas que vivem isoladas…), a ARS (Administração Regional da Saúde) do Algarve iniciou em Maio a execução do Plano de Contingência Regional para Ondas de Calor 2008. Desde então e até 15 de Setembro, no âmbito do Sistema de Previsão e Alerta, “será feita a avaliação diária do risco com base na monitorização diária de vários parâmetros (Temperaturas máx., humidade, Índice U.V., Índice ICARO, etc.) e posterior emissão dos níveis de alerta”.

O Sistema de Previsão e Alerta “contempla três níveis de alerta”:

Alerta Verde: - Situações de temperaturas normais para a época do ano.
Alerta Amarelo: - Em caso de temperaturas elevadas que poderão provocar efeitos na saúde.
Alerta Vermelho: - Quando se registam e prevêem temperaturas muito elevadas que poderão trazer graves problemas para a saúde.

Na mesma página da ARS do Algarve estão disponíveis “Conselhos úteis” para:

- Actividades Desportivas
- Apoio Domiciliário
- Creches
- Desporto ao Ar Livre
- Lares
- Medidas em caso de Emergências Médicas
- Recomendações para Crianças; Jovens e Idosos

Como as ondas de calor não conhecem fronteiras, sugerimos aos leitores do JSA que consultem também a página “El cuidado de la salud frente al calor” do Servicio Andaluz de Salud, na outra margem do Guadiana, rio que separa/une as duas regiões, o Algarve e a Andaluzia.
Pela sua saúde, proteja-se do calor!
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Ilustração: Imagem recolhida em Servicio Andaluz de Salud

2008-07-16

Nuclear não, obrigado!


Na sequência das declarações de Vítor Constâncio (Governador do Banco de Portugal), ontem, no Parlamento, sobre a crise económica que o país atravessa, provocada sobretudo pelo aumento progressivo do preço do petróleo, e da referência que fez de modo explícito ao investimento noutros recursos energéticos, o tema da energia nuclear voltou para o topo dos debates públicos.

Nós, em relação à opção pela energia nuclear, dizemos (como na cantiga da Lena d’Água, 1982): - “Nuclear não, obrigado/ Antes ser activo hoje/ do que radioactivo amanhã/ Nuclear não, obrigado”.

E propomos aos leitores do JSA uma reflexão sobre Tricastin : pollutions avérées ("poluição evidente"), uma notícia hoje (08/07/16) divulgada pelo jornal Développement Durable: - “A poluição das águas constatada em 7 de Julho último em Tricastin, consequência de uma fuga de urânio proveniente de uma bacia de retenção deteriorada, põe em causa (…)”

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Ilustração: Fotografia recolhida em Le Journal Développement Durable

Vistorias: a falta de formação e a ausência de critérios


Há poucos dias, o representante de uma entidade convocada para participar na vistoria que efectuávamos a um estabelecimento, disse-me (cito-o de memória) que “deviam realizar-se acções formativas sobre vistorias”. Porque, acrescentou, “desde a apreciação do projecto até à conclusão da obra e a realização da vistoria, o mundo não pára”. Isto é, naquele espaço de tempo, que se poderá prolongar por anos, foram publicados diplomas que estabelecem outros requisitos, eventualmente mais seguros, foram adoptados outros materiais, outras soluções técnicas e outros recursos tecnológicos. Que, em rigor – observou, – “Não estamos preparados para avaliar”.

De início eu fiquei perplexo. Mas, depois, após uma breve reflexão, confessei-lhe que as suas questões eram pertinentes. E sem pretender lançar achas para a fogueira, acrescentei que no âmbito das vistorias uma das matérias que mais questiono consiste na metodologia. Sumariamente, transmiti-lhe algumas das minhas incertezas, ilustradas com casos dos quais fui – involuntariamente – co-protagonista.

Falei-lhe, entre outras, das

- Vistorias do tipo relâmpago, realizadas em menos de 3 (três) minutos: mal entramos no estabelecimento, depois de cumprimentarmos o(os) requerente(s), os representantes da entidade licenciadora despedem-se e regressam à viatura.

- Vistorias do tipo surdo-mudo, as mais frequentes, nas quais alguns elementos da Comissão de Vistorias não ouvem e por conseguinte não falam e não prestam quaisquer esclarecimentos aos interessados, limitando-se, na melhor das hipóteses, a comunicar: - “Depois há-de (ou hão-de) receber o Auto…”.

- Vistorias sofisticadas, com o representante da entidade licenciadora a ditar para a secretária que o acompanha as alterações, deficiências e anomalias que detecta e fotografa…

Após a conversa que mantivemos, cada um de nós regressou à sua viatura (no meu caso, pessoal) para prosseguirmos a maratona de vistorias marcadas para esse dia. Atrás da viatura que transportava os representantes da entidade (licenciadora) que nos convocara… Mas eu não me esqueci das suas propostas.

Entendo que a sugestão daquele profissional não deve ser menosprezada. Entendo que é importante que se estabeleçam critérios para a realização de vistorias. Para melhorarmos o serviço que prestamos, no caso concreto aos investidores e/ou aos gestores de estabelecimentos que dinamizam a actividade económica, que criam postos de trabalho e contribuem para o desenvolvimento social das comunidades em que se inserem. Critérios que deverão ser objecto de discussão no decurso de acções formativas interdisciplinares e intersectoriais.

Talvez a DGS, Direcção-Geral da Saúde, as possa promover – preferivelmente com a colaboração das mais diversas entidades licenciadoras.

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Ilustração: Fotografia recolhida em Câmara Municipal de Lousã

2008-07-15

Um Encontro de TSA, Pedro Barroso e a Sensual Idade


Há uns anos, bastantes, talvez 20 (vinte), eu integrei uma comissão que assumiu a responsabilidade de organizar (admito que a designação fosse esta) um Encontro Nacional de Técnicos Sanitários, promovido pela Sub-Região de Saúde de Santarém (provavelmente, então, ainda seria Região de Saúde de Santarém), em Fátima.

O Encontro realizou-se. Todavia, eu afastei-me – ou fui afastado, o que terá sido mais provável – depois de estabelecermos contactos com algumas entidades que patrocinariam o Encontro. Que eu pretendia rigoroso, na selecção dos temas a tratar e das comunicações a apresentar. E exigente, na parte informal, de convívio.

Eu entendia que o tempo de convívio devia ter uma componente cultural, ser um pretexto para nos encontrarmos com pessoas relevantes no domínio da música. Da música e da poesia, da arte. Propus que contactássemos o Pedro Barroso, (então) professor do ensino secundário e autor e intérprete de cantigas cheias de vida, uma ou outra até com referências ecológicas. A minha proposta foi recusada.

Eu não fui a Fátima. Porque não condescendi em descer a fasquia; por conseguinte, não participei no Encontro. Do qual alguns colegas disseram maravilhas; outros nem tanto. O que sei é que do Encontro nada resultou: tudo ficou na mesma. Logo, se não produziu qualquer mudança, foi pouco mais que inútil. E não sei sequer quem é que convidaram “para animar o serão” (expressão que me dói).

Neste fim-de-semana, ao folhear jornais, deparei-me (no semanário “O Mirante") com uma entrevista ao Pedro Barroso. Na qual anuncia para breve a edição de “Sensual Idade” – um título que só por si justifica a audição. Mesmo por quem – e foi tanta gente! – que não o quis no Encontro de Técnicos Sanitários que se realizou em Fátima. Há, talvez, 20 anos…

Alguém se lembra, daquele Encontro?...

2008-07-14

Saúde no espaço lusófono


ePORTUGUÊSe é uma iniciativa da OMS, Organização Mundial da Saúde, para “estabelecer uma rede de informação em saúde nos oito países de língua portuguesa” e tem como objectivo definido “promover, apoiar, gerar, administrar, compartilhar e usar o conhecimento através de todos os meios de informações necessários para fortalecer os sistemas de saúde nestes países”.

Desde hoje, a hiperligação para o blogue ePORTUGUÊSe está disponível na coluna ao lado no espaço de Saúde.

O rolo de papel higiénico


De vez em quando, como sabem os leitores do JSA, eu visito o blogue das “Coisas” da Ana – acessível pela hiperligação disponível no espaço “Outros sítios, mais saberes…” da Navbar (a coluna do lado direito).

Na visita de hoje, encontrei um post particularmente sugestivo para quem se interessa por pormenores, nomeadamente alguns profissionais de saúde ambiental e de saúde pública quando vistoriam estabelecimentos e se detêm na avaliação das condições hígio-sanitarias das IS (Instalações Sanitárias).

Por aquele post, os leitores do JSA interessados nesta complexa matéria, poderão aceder ao post original e acompanhar uma lição sobre como instalar correctamente o rolo de papel higiénico…

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Ilustração: Imagem recolhida em The Presurfer

2008-07-13

Lourenço Marques, por DANA


Hoje, desde pouco tempo depois da independência de Moçambique, a cidade tem o nome de Maputo. Mas, então, no início da década de 70 (1970), a cidade chamava-se Lourenço Marques.

Ao arrumar livros, cadernos e papéis - uma tarefa condenada ao fracasso, porque o espaço é cada vez menor, e, sobretudo, devido à minha inabilidade para esse tipo de lide -, encontrei um recorte de jornal, sem data, com um desenho com a legenda “A baixa de Lourenço Marques vista pela artista DANA”. E, para que não se perca, decidi digitalizá-lo; e depois, partilhá-lo com os leitores do JSA.

Sem saudosismos balofos.

Pelo texto impresso no verso, admito saber qual o foi o jornal (que se publicava em Lourenço Marques) que recortei. Na dúvida, opto por omiti-lo. Porém, daquele texto transcrevo duas frases: - “Ivan Illitch considera que qualquer dos tipos de sociedade que hoje conhecemos, está votada ao malogro mais ou menos catastrófico. Propõe uma reorganização das estruturas sociais totalmente nova (…)”.

As sociedades mudam, as cidades transformam-se. A história não se apaga.

O tabaco, a saúde e um hipotético referendo


Há cerca de seis meses, num artigo de opinião (carregado de ironia) publicado no Público (edição de 08/01/16), Catarina Almeida – que se identificou como fumadora e ex-mandatária do movimento “Diz que não” – escreveu sobre a “Despenalização do fumo e do aborto” e lembrou que “Enquanto o governo proíbe o cigarro, permite e paga o aborto”.

Não guardei o recorte do jornal mas guardei o comentário que então escrevi para o divulgar noutro momento, talvez mais oportuno. Hoje, por exemplo, quando se passam (como observei no início) seis meses sobre a data de publicação do artigo.

Antecipa Catarina Almeida que em 2028, ano em que “talvez não cheguemos a ler esta noticia”: - “O Presidente da República Portuguesa convocou hoje o referendo à despenalização do fumo em locais públicos, depois de o Tribunal Constitucional se ter pronunciado favoravelmente à pergunta: - “Concorda com a despenalização do fumo em locais públicos, se realizado por opção do fumador maior de idade ou emancipado?

A relação de analogia que estabelece com a legislação sobre o aborto é evidenciada pela autora. Que, antes de concluir, reivindica que “Portugal precisa de uma política de saúde consistente e coerente: identificar os males, combater as causas, fomentar as práticas que evitem o flagelo, seja através da prevenção seja através de apoio às alternativas e, finalmente, proibir as práticas prejudiciais, respeitando os valores da liberdade em confronto”.

Na generalidade, não discordo da opinião de Catarina Almeida. Sobretudo, porque, como sublinha, “Do tabagismo poderá recuperar-se o fumador, do aborto nunca mais se recuperarão pelo menos duas vítimas: a mãe e o seu filho”.

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Nota final: - Na mesma edição do Público, num artigo assinado por Bárbara Simões, li: - “O número de abortos realizados, a pedido da mulher, em hospitais públicos e clínicas privadas ronda, em média, mil por mês – e continua a ficar bastante aquém das estimativas que faziam prever 20 mil a 25 mil interrupções voluntárias de gravidez por ano”. Li, e perguntei-me: - será que se trata de mais uma “promessa não cumprida”?

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Ilustração: Imagem recolhida em Sala de Espera.

2008-07-12

Praias acessíveis?


Noticia o Jornal do Fundão (edição de 08/07/10) que “Pelo segundo ano consecutivo, Valhelhas recebeu a bandeira de Praia Acessível”. E esclareceu, logo a seguir, que “isso acontece porque manteve as condições ideais para receber no seu espaço os cidadãos com mobilidade reduzida. Assim, uma pessoa que se desloque em cadeira de rodas pode circular à vontade no parque local e chegar mesmo à água do Zêzere”.

A notícia é passível de muitas leituras. Uma, provavelmente maioritária, reflectirá a satisfação do Presidente da Junta de Freguesia que afirmou ao jornalista (Filipe Sanches): - “Há muito que as pessoas com mobilidade reduzida mereciam estar no nosso parque e na nossa praia. Nos dois últimos anos conseguimos fazê-lo e isso deixa-nos satisfeito”. Outra, entre outras, a minha: - É já tempo de acabarmos com este tipo de galardões, cuja atribuição é denunciadora de uma sociedade intrinsecamente discriminatória, numa atitude política (concedo, sociopolítica) que diferencia os cidadãos: uns são cidadãos com deficiência…

Se constitucionalmente “todos os cidadãos têm a mesma dignidade social”, eu pergunto por que razão é que se persiste na atribuição (pelo Ministério do Ambiente) de um galardão que não premeia a qualidade mas a diferença que perpetua a discriminação estigmatizante?

Se as praias (costeiras ou interiores) são para todos, todas as praias devem ser acessíveis.

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Ilustração: imagem recolhida em Instituto da Água .

Espaços pedagógicos


Rui Rio, na qualidade de Presidente da Câmara Municipal do Porto, anunciou esta semana a construção junto ao Parque da Cidade do 'Sea Life Center', um oceanário “onde se poderá encontrar desde os peixes mais vulgares a algumas espécies de tubarões e muitas outras espécies marinhas, em cenários recriados propositadamente para esse efeito e de acordo com as características dos locais onde estão inseridos”, cuja inauguração deverá acontecer em 2010.

Enquanto o projecto não se concretiza, propomos aos leitores do JSA que neste período de férias visitem o Oceanário de Lisboa, no Parque das Nações, e/ou o Fluviário de Mora, no Alentejo.

Espaços que em alternativa também poderão percorrer virtualmente:

Em Lisboa, o Oceanário é “um aquário gigante totalmente dedicado aos oceanos e à sua conservação”. Em Mora, o Fluviário proporciona “uma viagem ao longo do curso de um rio – um paradigma do rio ibérico – da nascente à foz” para a observação de “diferentes tipos de habitats e os seres vivos que neles vivem”.

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Ilustração: Fotografia recolhida em O Planeta Agradece

2008-07-11

TSA - carreira de técnico superior


Para uma leitura atenta, particularmente pelos profissionais de saúde ambiental, o Diário da República de hoje publica o Decreto-Lei n.º 121/2008 o qual “Extingue carreiras e categorias cujos trabalhadores transitam para as carreiras gerais”.

Após uma brevíssima leitura, verificamos – para aplicação do disposto no Artigo 2.º – Transição para a carreira de técnico superior (*) –, que no “mapa I anexo ao (…) decreto-lei” constam as carreiras (na página 4352) de Engenheiro sanitarista (carreira técnica superior de regime geral adjectivada), (na página 4354) de Técnico de higiene e saúde ambiental (carreira técnica de regime geral adjectivada) e (na página 4356) de Técnico superior de saúde ambiental (carreira técnica superior de regime geral adjectivada).

Todavia, no Mapa VIII, relativo às “Disposições normativas revogadas”, não são referidos o Decreto-Lei Nº. 117/95, de 30 de Maio, que “Cria a área profissional de técnico de higiene e saúde ambiental e define o respectivo conteúdo funcional” nem o Decreto-Lei Nº. 564/99, de 21 de Dezembro, que “Estabelece o estatuto legal da carreira de técnico de diagnóstico e terapêutica”.

Conclusão:

- Aparentemente, a carreira dos TSA não é extinta nem os “trabalhadores transitam para carreiras gerais”. Talvez porque - como sugere Vítor Manteigas – integre os “corpos especiais” criados (Alínea h), do Número 2., do Artigo 16º) pelo Decreto-Lei Nº 184/89, de 2 de Junho.

- Ou, como eu admito, atendendo a que serão poucos os Técnicos de Higiene e Saúde Ambiental em funções e ainda menos (se os houver) os Técnicos Superiores de Saúde Ambiental, a opção terá sido meramente política: a inclusão no Mapa I determinaria a classificação de todos os Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica (que são alguns milhares, com habilitações literárias diversas) em Técnicos Superiores de Saúde…

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(*) "Transitam para a carreira geral de técnico superior, nos termos do n.º 1 do artigo 95.º da lei, os trabalhadores que se encontrem integrados nas carreiras, ou que sejam titulares das categorias, identificadas no mapa I anexo ao presente decreto -lei e que dele faz parte integrante".

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Ilustração: Imagem recolhida em JCconcursos.com.br

2008-07-10

Automóveis. Economizar combustível.


Num intervalo (publicitário) para a divulgação das notícias que serão objecto de destaque (hoje, 08/07/10) no noticiário das 20.00 horas (Jornal da Noite), na SIC, ouvi a Clara de Sousa, jornalista (pivot), dizer que circulam na Internet dicas para os automobilistas economizarem combustíveis.

Há talvez duas semanas eu recebi essa informação, apresentada como sendo da responsabilidade de quem trabalhou numa refinaria ao longo de 31 anos. Pareceu-me credível.

Todavia, por falta de tempo, só agora a posso publicar.

Mantendo a redacção original, em português do Brasil, eis as dicas, as sugestões (truques):

1º.Truque: Encher o tanque pela manhã cedo.

A temperatura ambiente e do solo é mais baixa. Todas as estações de serviço têm seus depósitos debaixo terra. Ao estar mais fria a terra, a densidade da gasolina e do diesel é menor. O contrário se passa durante o dia, que a temperatura do solo sobe, e os combustíveis tendem a expandir-se. Por isto, se você enche o tanque ao médio dia, pela tarde ou ao anoitecer, o litro de combustível não será um litro exatamente.

Na indústria petrolífera a gravidade específica e a temperatura de um solo tem um papel muito importante. Onde eu trabalho, cada carregamento de combustível nos caminhões é cuidadosamente controlada no que diz respeito à temperatura. Para que a cada galão vertido na cisterna do caminhão seja exato.

2º Truque: Quando encher o tanque, não aperte a pistola ao máximo.

Segundo a pressão que se exerça sobre a pistola, a velocidade pode ser lenta, média ou alta. Prefira sempre o modo mais lento e poupará mais dinheiro. Ao surtir mais lentamente, cria-se menos vapor, e a maior parte do vertido converte-se num cheio eficaz.

Todas as mangueiras surtidoras devolvem o vapor ao tanque. Se encherem o tanque apertando a pistola ao máximo uma verdadeira percentagem do precioso líquido que entra no depósito se transforma em vapor e volta pela mangueira do surtidor ao depósito da estação. Com o qual, conseguem menos combustível pelo mesmo dinheiro.

3º. Truque: Encher o tanque antes de que este baixe da metade.

Quanto mais combustível tenha no depósito, menos ar há no mesmo. O combustível se evapora mais rapidamente do que você pensa. Os grandes depósitos cisterna das refinarias têm tetos flotantes no interior, mantendo o ar separado do combustível, com o objetivo de manter a evaporação ao mínimo.

4º Truque: Não encher o tanque quando o posto estiver sendo reabastecido e nem imediatamente depois.

Se chega você ao posto de serviço e vê um caminhão cisterna que está repondo os tanques subterrâneos da mesma, ou os acaba de reabastecer, evite, se puder, abastecer em dita estação nesse momento. Ao reabastecer os tanques, remove-se o combustível restante nos mesmos e os sedimentos do fundo. Assim sendo você corre o risco de abastecer combustível sujo.

Citando o autor, "esperamos que os truqes sejam proveitosos".

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Ilustração: Fotografia recolhida em OP, Oceano de Palavras

2008-07-09

Esclarecer a pausa no JSA...


Com a melhor das intenções, há cerca de três semanas eu decidi substituir o equipamento informático e iniciar (intentar) uma outra ligação à Internet.

No estabelecimento que seleccionei para a transacção, a jovem que me atendeu e assistiu prestou-me afavelmente os mais diversos esclarecimentos.

Enquanto me acompanhou até à Caixa, propôs-se configurar os programas, os acessórios e a ligação à Internet. Agradeci-lhe a disponibilidade, mas, talvez por timidez (apesar de já me ter iniciado no outono da vida) mais do que por cansaço (ao longo do dia, o meu trabalho fora particularmente fatigante), dispensei a sua colaboração. No entanto, antes de nos despedirmos, a jovem (uma versão lusa e não-cinéfila de “A Rapariga com Brinco de Pérola”) insistiu e observou-me, com um sorriso benevolente: - “Se tiver alguma dificuldade, venha falar comigo…”.

Apesar de lidar com computadores há cerca de 40 (quarenta) anos, sempre enquanto utilizador – iniciei-me na área das telecomunicações, no domínio específico da criptografia, com caixotes volumosos e rolos de fita perfurada –, confrontei-me com tantas dificuldades que não me parecia que tivesse outra alternativa se não a de voltar àquele estabelecimento, para não prejudicar mais a actualização do JSA, e, sobretudo, as expectativas dos leitores.

Entretanto, porém, eu consegui resolver as dificuldades que defrontei. Mas perdi a oportunidade de rever a Scarlett Johansson...

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Ilustração: Fotografia recolhida em flickr.com

2008-07-08

A Sra. Maria, a D. Deolinda, o Doutor e os Lixos


A Sra. Maria, apesar de engelhada pelos anos, não perdera o vigor da maturidade na reivindicação dos seus direitos enquanto pessoa e cidadã. Na secretaria do Centro de Saúde, à assistente administrativa que a atendeu, expôs o problema que motivara a sua deslocação. A Sra. Deolinda, perdão… a D. Deolinda ouviu-a displicentemente e, no final, disse-lhe:

- Espere um bocadinho que eu vou falar com o Doutor…

Cerca de dez minutos depois, a D. Deolinda voltou ao balcão e comunicou à Sra. Maria - que, entretanto, cansada de muitas lides, se sentara no banco de madeira da sala de espera:

- Esse assunto não é com o Doutor. Vá por ali, pelo corredor, e ao fundo, na segunda porta do lado esquerdo, fale com o Sr. Martinho… Ele é que é o Técnico!

Apesar da rudeza do atendimento, a Sra. Maria agradeceu, atravessou o corredor e entrou no gabinete do Sr. Martinho – que a atendeu cordialmente e lhe proporcionou uma cadeira para se sentar.

- Ora diga-me… -. A Sra. Maria voltou a relatar o caso, com muitos pormenores, quase todos desnecessários para a definição do problema. E o Martinho, que a ouvira atentamente, perguntou-lhe:

- Onde mora, senhora Maria? – Enquanto anotava o endereço, num bloco de folhas de papel quadriculado, acrescentou: - Se a senhora estiver disponível, amanhã, durante a manhã, pelas 10.00 horas, eu irei a sua casa e a seguir, se concordar comigo, veremos o sítio onde descarregam os lixos…

A Sra. Maria agradeceu ao TSA, e, antes de se levantar, perguntou-lhe se precisava de pagar a consulta. O Sr. Martinho, obviamente, respondeu-lhe que não e comentou: - Este é o meu trabalho!

Cerca de duas semanas depois, a Câmara Municipal procedera à limpeza do terreno e a Junta de Freguesia instalara no local um painel com a indicação de “Proibido despejar Lixos”…

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Ilustração: Imagem recolhida em Arcana Diabolica Universalia .

2008-07-07

Autocontrolo e Segurança Alimentar



De 23 a 25 de Abril deste ano decorreu no Palacio de Congresos de Córdoba o “3º Congreso Internacional de Autocontrol y Seguridad Alimentaria”, organizado pela Consejería de Salud de la Junta de Andalucía.

No decurso do congresso foram apresentadas diversas comunicações, orais e sob a forma de poster. As comunicações e as conclusões, a par de outras informações – notícias publicadas na Imprensa, galerias fotográficas, etc. - estão agora disponíveis no sítio do Congresso.

A multiplicidade de temas tratados e a qualidade das comunicações que já consultámos concorrem para que não hesitemos em recomendar aos leitores do JSA a consulta das actas do 3º Congreso Internacional de Autocontrol y Seguridad Alimentaria com a publicação integral das comunicações.

Concurso “Agir – Ambiente”


A Fundação Calouste Gulbenkian, através do Programa Gulbenkian de Ambiente, criou o Concurso “Agir – Ambiente” que tem como objectivo “estimular o respeito pela natureza, em particular dos mais jovens, e contribuir para a alteração de atitudes e comportamentos em relação à biodiversidade”.

Desde hoje (08/07/07) e até 30 de Setembro (08/09/30), podem candidatar-se “entidades colectivas, designadamente instituições públicas ou privadas sem fins lucrativos, com acções de demonstração prática, de formação, de disseminação de informação científica e que possam revestir-se de reconhecido interesse pedagógico e didáctico”.

Aos leitores do JSA interessados em participar, informamos que podem consultar o Regulamento do Concurso e obter o Formulário de Candidatura em Concurso “Agir – Ambiente”.

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Ilustração: Imagem recolhida em Viver Ambiente

Em Lisboa, será “Simplis”


A Câmara Municipal de Lisboa apresentará hoje o “Simplis”, um programa de simplificação administrativa que, de acordo com uma notícia do “Público” (edição de hoje, 08/07/07), “vai permitir obter autorização de utilização e alvarás para obras em estabelecimentos comerciais na hora e calcular na Internet o valor da TRIU (taxa pela realização de infra-estruturas urbanísticas)”.

Se antes do final do mês em curso “os cidadãos passarão a poder ser atendidos através da Internet por um funcionário da autarquia nos dias úteis, entre as 08.00 e as 20.00 horas”, em Agosto a medida “Alvará Já” permitirá a emissão de alvarás de licença de obras em estabelecimentos comerciais ”no momento em que são requeridos”. Em Setembro, no âmbito do “Simplis”, “os interessados começarão a poder obter “na hora” autorização de utilização para estabelecimentos comerciais” e em Novembro “as autorizações de utilização passarão a igualmente ser emitidas no momento em que são solicitadas no balcão de atendimento”.

Sem conhecermos o “Simplis”, não devemos expressar qualquer comentário. Por conseguinte, vamos esperar que esteja disponível online para o analisarmos e só depois nos pronunciaremos sobre algumas das medidas anunciadas. Aparentemente muito discutíveis, porque (aparentemente, repetimos) ignoram a componente técnica das licenças de obras, dos alvarás e das licenças de utilização…

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NC: Após a publicação do Post, soubemos que o Simplis já está disponível online no sítio da CM de Lisboa. Ainda não o lemos.

2008-07-06

IRI, Ingénierie des risques industriels


Pelo Boletim (L’Entre Filet) de 08/07/03, de RRSSTQ, Réseau de recherche en santé et en sécurité du travail du Québec, fomos informados da publicação da revista IRI, Ingénierie des risques industriels.

Trata-se de uma revista científica - bilingue (francês e Inglês) - editada por professores da ETS, École de technologie supérieure, da Universidade do Quebec (Canadá), que se propõem promover o desenvolvimento de uma comunidade internacional no domínio dos riscos industriais concedendo aos investigadores e aos técnicos um espaço para a divulgação dos seus trabalhos – trabalhos que serão seleccionados por um comité científico internacional.

Este é o Sumário do primeiro número de JI-IRI:

Tri-planar Trunk Motion in Northern Ontario Skidder Operators
Jack R.J., Oliver M., Cation S., et Dony R.

Optimiser les situations de travail (efficacité et sécurité) en conception : une recherche sur la pratique des ingénieurs
Fernande Lamonde, Jean-Guy Richard, Lyse Langlois, Alain Vinet, et Julie Dallaire

État de l’art et perspectives sur la mesure des performances effectives des protecteurs auditifs en milieu de travail
Gaudreau M.-A., Laville F., Voix J., et Nélisse

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Ilustração: Imagem recolhida em ETS, École de technologie supérieure

A Ponte das Palhas



Após cerca de dois meses de encerramento, para a execução de obras (substituição do tabuleiro), na sexta-feira (08/07/04) reabriu ao trânsito a Ponte das Palhas sobre a Ribeira de Muge. Para assinalar o acontecimento, foi instalado no local um painel – curiosamente com uma pincelada a mais… - sem qualquer referência à data.

Data a partir da qual já não poderei escrever “(…) de uma ribeira, junto de um prado onde pastam ovelhas, num local aonde se acede por uma ponte cujo piso é de traves de madeira (traves que trepidam sob a passagem de um automóvel) e por um caminho alcatroado, marcado por postes onde nidificam as cegonhas.”
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NC: - De acordo com uma informação previamente distribuída à população, a Câmara Municipal através do Departamento de Protecção Civil, esclareceu que as obras consistiriam na “substituição do tabuleiro” constituído por pranchões de madeira “por chapa gradeada”.

A Ponte das Palhas foi oferecida pela Engenharia Militar e aberta ao trânsito em 1983.
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Ilustração: Fotografias por Duarte d’Oliveira.

2008-07-04

Ecologia e Saúde (*)


1. São múltiplos e variados os factores que contribuem para a degradação da qualidade de vida da população portuguesa. Numa perspectiva meramente sanitária, a crise económica que o país atravessa reflecte-se na comunidade de forma diversa; em síntese, é óbvia a falta de meios financeiros (e por conseguinte técnicos e humanos) quer para promover a saúde quer para prevenir a doença.

2. Na área restrita da Saúde Ambiental, componente fundamental da Saúde Comunitária, as acções dos Centros de Saúde são hoje, em termos comparativos com as acções desenvolvidas em períodos anteriores, excessivamente burocratizadas e parcamente eficientes.

3. Apesar do crescimento populacional não controlado provocado pelo movimento migratório, da expansão quantas vezes clandestina das zonas habitacionais, do progresso tecnológico nos mais diferentes domínios, etc., factores que concorrem para a transformação contínua das condições de vida das populações nas zonas urbanas e rurais, nos Centros de Saúde os Técnicos responsáveis, condicionados pelos numerosos diplomas legais aplicáveis nas áreas em que intervêm (ou deveriam intervir), desempenham actividades cuja rotina assume as características da alienação.

4. Efectivamente, aqueles Técnicos de Saúde desenvolvem um trabalho pouco mais que improfícuo, o qual, acentuando a “frustração paralisante(1) a que foram aparentemente condenados, não beneficiará sequer sofrivelmente a saúde das populações mas assegura o funcionamento normal dos Serviços.

5. Até quando? – é a questão que pomos, finalmente, porquanto, conforme observaram A. E. Martin e D. Oeter (2)Il se manifeste depuis 1970 une tendance à la création d’institutions nouvelles sous la forme de “Départements de l’environnement”, qui prennent en charge la plupart des fonctions des administrations de la santé en matière de salubrité de l’environnement, sans toutefois prêter pleinement attention à la santé de l’homme ni lui donner la priorité dans leur action. Ces nouvelles institutions paraissent préoccupées surtout de l’écologie et de protection de la nature ».

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(1) Wright Mills, citado por Tomás Maldonado in Meio Ambiente e Ideologia”, Socicultur. Lisboa.

(2) In Établissements humains et salubrité de l’environnement”, OMS, Relatório ICP/BSM 002.

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(*) Resumo da Comunicação apresentada por Duarte d’Oliveira nas III Jornadas de Saúde de Aveiro, no âmbito do subtema “Acção do Centro de Saúde na área de Saúde Comunitária não personalizada”, em 1984.

Para a História da Saúde Ambiental, em Portugal, a primeira comunicação apresentada publicamente por um TSA.

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Ilustração: Fotografia recolhida em JURÉIA - Portal ecológico de Peruíbe

Clínicas de Estética


Os Centros ou Clínicas de Estética proliferam em todo o país, apesar de não haver legislação específica que regulamente a instalação daqueles estabelecimentos. Nos quais se prestam serviços diversos, alguns com o recurso a instrumentos, equipamentos e metodologias que são susceptíveis de pôr em risco a saúde e a segurança das pessoas que os frequentam.

Porque se multiplicam, desde as grandes cidades até às pequenas vilas, nós - os TSA que exercemos a profissão no Serviço de Saúde Pública dos Centros de Saúde - defrontamo-nos com uma dificuldade acrescida: na ausência de normas, quais são os critérios que devemos observar para a emissão de Pareces Sanitários sobre os projectos de arquitectura de Centros ou Clínicas de Estética que as Câmaras Municipais nos enviam?

Com o objectivo de preenchermos essa lacuna, temos em fase final de redacção um documento com um conjunto de normas orientadoras que brevemente submeteremos a discussão pública.

Entretanto, porque também são muitos os leitores que consultam o JSA para se informarem sobre as condições de instalação daqueles estabelecimentos, decidimos divulgar um dos documentos que consultámos – a “Ordenanza Reguladora de las condiciones higiénico-sanitarias y técnicas de peluquerías, institutos de belleza y otros servicios de estética”, publicada no Boletín Oficial de la Comunidad de Madrid em 2000/06/27.

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Ilustração: Fotografia recolhida em Clínicas de Estética.

2008-07-01

Quem cala consente…


São pertinentes as questões postas por Helena Matos, hoje (08/07/01), no Público, num espaço - independente da sua crónica semanal - que intitulou “Onde andam…”.

Onde andam… “Os defensores de Foz Côa?” – pergunta-se, para responder que a opção socialista pela protecção das gravuras paleolíticas em pretérito da construção da barragem (decidida pelo governo social-democrata, presidido por Cavaco Silva) foi um erro que todos nós, cidadãos, estamos a pagar.

No auge da polémica, em meados da década de 90 (1994), eu estive lá, no Vale do Côa, e se até então eu tinha dúvidas, depois de percorrer o local e de ver algumas das gravuras, não hesitei em dizer: - “Construa-se a barragem!”.

Então, a opção do governo socialista, liderado por António Guterres, defraudou as expectativas da população da região. Que ficou sem a barragem e não assistiu ao prometido desenvolvimento turístico – na componente de turismo cultural…

Onde andam… “Os indignados das urgências hospitalares? ” – questiona-se, e questiona o silêncio da opinião pública (desde a substituição do Ministro da Saúde e sobretudo) após os diferentes casos, quase sempre fatais por falta de assistência pelo INEM, que se registaram nos últimos dias. E comenta: - “Curiosamente, agora ninguém se indigna…”.

Aparentemente “ninguém se opõe”, apesar de no Relatório da Primavera 2008, hoje apresentado pelo Observatório dos Sistemas de Saúde, se apontar a “gestão pouco competente e socialmente insensível” nos encerramentos de maternidades e urgências” (Público, edição de 08 /07/01, texto assinado por Alexandra Campos).

Á guisa de comentário, eu observo que se é certo que “as gravuras não sabem nadar”, como se diz popularmente “Quem cala consente…”.
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Ilustração: Cartaz recolhido em SinBAD, Universidade de Aveiro.

Relatório da Primavera - 2008


O Relatório da Primavera - 2008 do Observatório Português dos Sistemas de Saúde, que será apresentado hoje, é a notícia de abertura dos noticiários (SIC) da manhã.

Na notícia disponível em SIC Online, sobre os Cuidados Primários de Saúde, salienta-se que Pedro Lopes Ferreira, o coordenador do Relatório, referiu que “a situação das "estruturas enquadradoras" das Unidades de Saúde Familiar (USF) - os Agrupamentos dos Centros de Saúde (ACES) que substituem as sub-regiões de Saúde - "está a demorar demasiado" tempo a ser finalizada”.

E acrescenta-se, na notícia sob o título de "Herança" de Ana Jorge mais pesada do que parece à primeira vista": - “Lê-se nas reflexões finais do relatório que os ACES precisam de ter, e que parece não estar a acontecer, "instrumentos suficientes" para se distinguirem das tradicionais sub-regiões de saúde”.

Uma advertência que não nos surpreende…

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Ilustração: Fotografia recolhida em SIC Online.