“Braga vai receber unidade hoteleira dirigida à população sénior”. Um título sugestivo para uma notícia - publicada na página “Actualidade” do suplemento Imobiliário distribuído pelo Público (edição de hoje, 08/07/30) - susceptível de corresponder às pretensões de muitos dos cidadãos que se interessam pelos problemas associados ao envelhecimento da população. Como afirma um administrador do grupo responsável pelo empreendimento, “pretendemos criar respostas de alta qualidade e valor para o público sénior que, segundo a União Europeia, deverá englobar 32 por cento da população portuguesa dentro de poucos anos”.
No plano conceptual nós discordamos deste tipo de soluções. Porque não integram, discriminam, separam, criam ghettos. São a prova inquestionável de que a cidade que se constrói toma como referência o cidadão saudável, apto, autónomo e que não envelhece.
Sem nos afastarmos do âmbito dos estabelecimentos hoteleiros, não seria (não será) socialmente mais justo projectar e construir de modo que todos os cidadãos frequentem os mesmos locais e tenham acesso aos serviços que as condições de mobilidade e de saúde exigem?
Nós acreditamos que a persistência nas soluções que diferenciam negativamente produzirá conflitos éticos que se avolumarão e terão impactos políticos funestos.
Entendemos que é tempo de se adoptar uma outra atitude cívica, uma política efectivamente socializante. Para que todos habitemos a cidade, cidade que é de todos.
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Ilustração: Fotografia recolhida em Jornal Digital
Ilustração: Fotografia recolhida em Jornal Digital
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