2009-11-15

Dr. Marçal, Fernão Marçal Correia da Silva


Desde há alguns meses (desde Maio) que raramente me desloco a Salvaterra de Magos. Por conseguinte, (quase todas) as notícias que (ob)tenho do concelho onde vivi ao longo de quase três décadas são-me transmitidas por colegas e amigos, pelo telefone ou por correio electrónico. Outras eu leio nos jornais da região, nomeadamente no semanário “O Mirante”, que se publica em Santarém.

Algumas notícias magoam-me.

Pela edição (de 09/11/12) daquele jornal para a Lezíria do Tejo, eu tomei conhecimento do falecimento do Dr. Marçal, Fernão Marçal Correia da Silva – um amigo, colega de trabalho no Centro de Saúde. Aposentara-se há alguns anos mas continuou a exercer a função de Médico de Família, com o reconhecimento da população.

Intermitentemente, substituiu a Autoridade de Saúde no exercício do cargo. No tempo em que aos TSA não era permitido legalmente o exercício daquelas funções (por delegação e restritamente na área da Saúde Ambiental) devíamos reunir com frequência. Todavia, para simplificarmos os procedimentos, tacitamente adoptámos um método pouco ortodoxo mas eficiente: eu, ou uma colega dos serviços administrativos, deixava no seu Gabinete a documentação (Pareceres Sanitários, Ofícios, Relatórios…) para despacho e quando nos encontrávamos, no Centro de Saúde ou acidentalmente num café, conversávamos sobre um ou outro caso susceptível de ser (nunca foi) objecto de alguma controvérsia.

O Dr. Marçal, depois de cerca de “53 anos” de exercício da profissão, faleceu “aos 80 anos, devido ao desenvolvimento de um tumor cerebral”. Ao funeral, que se realizou no Domingo (09/11/08), acorreu “cerca de um milhar de pessoas” - para lhe prestar uma derradeira homenagem.

Não voltaremos a saudar-nos, quando nos cruzávamos de carro, nem a tomar café em dois ou três balcões nos quais nos encontrávamos por acaso. Mas ficam na memória os muitos anos que partilhámos. Com amizade.

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Ilustração: Fotografia recolhida (por scanner) em “O Mirante” (edição de 09/11/12).

As cegonhas: o regresso, o retomar da esperança


Ontem, sábado (09/11/14), pelo meio da tarde outonal, ao transpor a ponte sobre a ribeira que margina o lugar onde se situa a casa onde apascento os dias, fui supreendido pelo voo de uma cegonha. Para o ninho que no passado decidi proteger.

Um pouco mais à frente, estacionei o carro e registei o instante numa fotografia - que partilho com os leitores do JSA. Para assinalar o começo de um novo ciclo, o retomar da esperança na vida – apesar das alterações climáticas e dos dissabores do quotidiano.

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Ilustração: Fotografia por Duarte d’Oliveira (09/11/14)

2009-11-07

José Manuel da Costa Teso: um meteorologista, um amigo


Hoje, pela manhã, enquanto tomava o pequeno-almoço e acompanhava o noticiário da RTP-1, fui surpreendido pela presença de José Manuel da Costa Teso, meteorologista, a comentar os acontecimentos da semana. Depois soube porquê: após tantos anos a apresentar o Boletim Meteorológico, aposentara-se – ou, como o próprio disse, jubilara-se.

Conhecemo-nos há muitos anos, partilhamos a amizade. No tempo em que no Centro de Saúde (de Salvaterra de Magos) se criou o NESC, Núcleo de Educação para a Saúde Concelhio, aberto à participação activa da população, o José Manuel e a (mulher) Maria de Lurdes foram actores importantes na dinamização das actividades. Colaborou, também, na redacção do Boletim “Haja Saúde!” (ainda não dispunhamos da Internet) que criámos para estreitarmos a nossa relação com a população e contribuirmos para uma atitude mais responsável na preservação e na promoção do Ambiente e da Saúde.

Ao longo de tantos anos, todos os encontros foram um bom pretexto para longas conversas sobre os mais variados temas, raramente sobre meteorologia e muito menos sobre ambiente. Foram momentos de evasão, muitas vezes (à boa maneira portuguesa) em volta de uma mesa, bem servida – designadamente num restaurante onde se comia um bom “cozido”. Da última vez, com a Maria de Lurdes, falámos sobre a aposentação – que eu já requerera e que ainda me não foi concedida…

Decerto por culpa minha, porque desde Maio que raramente vou a Salvaterra de Magos, há meses que não nos vemos. Mas talvez agora seja mais fácil encontrarmo-nos. Para eventualmente enquanto saborearmos as carnes, os enchidos e os legumes repormos as conversas em espiral. Até porque eu “descobri” um restaurante onde se come um dos melhores “cozidos” do país… Um restaurante BB – para os leigos, Bom e Barato.

Zé Manel, permita-me uma confidência: nada melhor do que no final de uma longa carreira profissional sabermos dizer: - Cumpri!

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Ilustração: Imagem recolhida em Notícias de Castelo de Vide