2008-07-21

Uma mulher frágil


Admitamos: talvez não seja uma mulher bonita, mas é uma mulher com encanto. Escreve. Escreve romances, livros. Muitos. Mais de uma dezena, desde o final do século passado. Quase todos ou mesmo todos com êxito no volume de vendas. Tem por conseguinte leitores perseverantes. Mas não tem a adesão da crítica literária. Em cerca de uma dezena de anos ainda não li uma única nota analítica favorável ao que a Margarida Rebelo Pinto escreveu. Talvez os críticos não sejam sensíveis ao seu modo de escrever, que classificam de “não literatura”.

Eu confesso que não li nenhum dos seus livros. Mas comprei bastantes (a pedido), para os oferecer à minha filha. Que os lê, com gozo e por vezes os discute comigo. Talvez o público para quem escreve seja a população juvenil. Não sei…

Da Margarida Rebelo Pinto eu lia, há muitos anos - com agrado, anoto -, uma pequena rubrica que mantinha num suplemento semanal do “Diário de Noticias”. Lembro-me do título: - “Pluma Silenciosa”, um título que necessariamente me lembrava um outro, o das crónicas da Clara Ferreira Alves, “Pluma Caprichosa”, na revista do “Expresso” que agora dá pelo nome de “Única”. Provavelmente, eu deixei de ler o “Diário de Noticias” antes da Margarida acabar com a crónica. Discreta, silenciosa. Para optar pelos romances, pela literatura dita "ligt" – expressão que apesar de ser de qualidade duvidosa a autora decidiu agora assumir ao publicar “Português Suave”. Que pelas transcrições que já li nos textos de análise crítica será sobretudo “hard” – embora, como escreve Maria Conceição Caleiro no “Ípsilon” (suplemento do “Público” edição de 08/07/11), não ultrapasse “o grau zero do erotismo”…

A Margarida Rebelo Pinto não será uma mulher bonita. Mas é, sem dúvida, uma mulher com encanto. De aparência frágil mas obstinada: - um dia escreverá um livro que eu lerei. Sem reticências.

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Ilustração: Fotografia recolhida em Margarida Rebelo Pinto.

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