2008-07-12

Praias acessíveis?


Noticia o Jornal do Fundão (edição de 08/07/10) que “Pelo segundo ano consecutivo, Valhelhas recebeu a bandeira de Praia Acessível”. E esclareceu, logo a seguir, que “isso acontece porque manteve as condições ideais para receber no seu espaço os cidadãos com mobilidade reduzida. Assim, uma pessoa que se desloque em cadeira de rodas pode circular à vontade no parque local e chegar mesmo à água do Zêzere”.

A notícia é passível de muitas leituras. Uma, provavelmente maioritária, reflectirá a satisfação do Presidente da Junta de Freguesia que afirmou ao jornalista (Filipe Sanches): - “Há muito que as pessoas com mobilidade reduzida mereciam estar no nosso parque e na nossa praia. Nos dois últimos anos conseguimos fazê-lo e isso deixa-nos satisfeito”. Outra, entre outras, a minha: - É já tempo de acabarmos com este tipo de galardões, cuja atribuição é denunciadora de uma sociedade intrinsecamente discriminatória, numa atitude política (concedo, sociopolítica) que diferencia os cidadãos: uns são cidadãos com deficiência…

Se constitucionalmente “todos os cidadãos têm a mesma dignidade social”, eu pergunto por que razão é que se persiste na atribuição (pelo Ministério do Ambiente) de um galardão que não premeia a qualidade mas a diferença que perpetua a discriminação estigmatizante?

Se as praias (costeiras ou interiores) são para todos, todas as praias devem ser acessíveis.

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Ilustração: imagem recolhida em Instituto da Água .

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