Há poucos dias, publiquei um desenho da (então) cidade de Lourenço Marques. Um desenho de Dana, que, soube depois, consta de um volume editado pela Caminho. Um volume que recolhe 150 desenhos que são, como escreve Malangatana, “um pedaço de uma pista gravada musicalmente que nos permite um deleite para as saudades de quem conheceu há trinta anos uma bem marcada poesia em múltiplas formas arquitectónicas e garridas vestes onde a mistura de raças forma um esplendor, um território chamado Xipamanine”.
A Dana Michahelles trabalhou como desenhadora no atelier de Pancho Guedes (cuja obra foi recentemente objecto de exposições em diferentes países), e, no Núcleo de Arte, colaborou com António Quadros - uma figura relevante na arquitectura da cidade laurentina e uma das figuras mais controversas da cultura moçambicana -. Um homem que depois de múltiplas vicissitudes que marcaram a história recente de Moçambique optou por se auto-exilar no silêncio da terra natal - Campo de Besteiros, algures na Beira Alta, no concelho de Tondela.
Como a vida se entretece com estranhas relações, eu estava há cerca de um mês em Campo de Besteiros quando - no final de um dia de trabalho (na qualidade de formador), beberricava um whisky e folheava o jornal antes de descer para jantar – fui confrontado com a notícia brutal do falecimento do Diniz (Sebastião Alba), atropelado por um automóvel, em Braga.
Lembrando o autor de “Laurentinas” e, também, um dos arquitectos da capital moçambicana, publico “A face do homem (António Quadros) que oculta o poeta (Grabato Dias)”, sem alterar a legenda que dactilografei em 1973 ou 1974, quando preparava uma antologia da poesia moçambicana.
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