2009-09-03

Manuela Moura Guedes, a Censura… and on going!


Houve um tempo de Censura, um tempo que só os mais velhos lembram, durante o qual a liberdade de expressão esteve condicionada à ideologia política do regime que acabou em Abril de 1974. Passaram-se 35 (trinta e cinco) anos.

Saudosos desse tempo, hoje, através de recursos pouco menos que maquiavélicos, os detentores do poder puxaram os cordelinhos e acabaram com o telejornal de Sexta-feira apresentado por Manuela Moura Guedes, na TVI.

A Direcção de Informação daquela estação televisiva demitiu-se. Vasco Pulido Valente, que no final de cada emissão do telejornal conversava com Manuela Moura Guedes sobre os temas mais controversos da semana, também se afastou. Por razões éticas.

À beira do estertor político, eu não sei se os detentores do poder esfregarão as mãos de contentamento. Admito, recorrendo a uma expressão do conhecimento de todos, que terão dado um tiro nos pés. E que não tardarão a cair. Não neste país em que vivemos, mas neste país que consentimos.

Até brevemente. Porque nós, cidadãos, ainda dispomos de um direito constitucional: o voto – que usaremos no próximo dia 27 do mês em curso (Setembro). Para repormos a liberdade de expressão, e, sobretudo, para escolhermos outro governo.

Entretanto, noutro plano, começou a contagem decrescente para o fim da TVI… On going!

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Ilustração: Imagem recolhida em Aventar.

4 comentários:

Saúde Ambiental (ESTeSL) disse...

Olá colega.
Acredita mesmo naquilo que diz, que "os detentores do poder puxaram os cordelinhos e acabaram com o telejornal de Sexta-feira apresentado por Manuela Moura Guedes, na TVI"?
Eu pessoalmente não creio... o tiro no pé era óbvio demais para que o fizessem nesta altura. Já pensou se não terá sido alguma da oposição para tirar proveitos dessa situação?
Independentemente disso, não acha que já se justificava alguém fazer algo em relação à vergonha de jornalismo que por ali se perpétuava? Ainda assim, muda-se a protagonista mas o texto pode manter-se.
À margem das questões legais, parece-me ter sido uma boa decisão.

teessea disse...

Colega,

No uso de um direito de expresão que o regime democrático restabeleceu em 1974, a sua opinião é diferente, distinta da minha.

Quando me pergunta “não acha que já se justificava alguém fazer algo em relação à vergonha de jornalismo que por ali se perpétuava?”, eu, sem me deter na análise crítica da sua socrática afirmação de “vergonha de jornalismo”, respondo-lhe: quem não concordava, podia de facto fazer algo: sintonizava outro canal de televisão e acompanhava outro telejornal.

Quando conclui que “À margem das questões legais, parece-me ter sido uma boa decisão”, permita-me que lhe observe que ao congratular-se com a decisão de acabar com um noticiário televisivo se manifesta favorável ao regresso da Censura.

Colega, não se esqueça: a liberdade de todos nós acaba quando nós não pudermos expressar livremente o que pensamos (e sentimos).

Duarte d’Oliveira

Saúde Ambiental (ESTeSL) disse...

Olá colega,
Tanto quanto julgo saber, não se decidiu acabar com um noticiário televisivo, apenas se "propõem" a mudar-lhe o formato. Em relação à pretensa censura e ao facto de me manifestar favorável ao seu regresso, desengane-se. Sou é favorável ao jornalismo não tendencioso e contra a má-educação, incomprensível numa estação televisiva, emitida em sinal aberto e em horário nobre... mas é, como diz, a minha opinião e apenas isso, ainda que distinta da sua.
Entretanto, e porque antes não lho havia dito, espero que já esteja perfeitamente recuperado.

Um abraço.

teessea disse...

Colega,

Começo pelo final do seu comentário: ao princípio da tarde de terça-feira (09/09/01) tive alta do Hospital de Santarém onde (no dia 09/08/23) fui submetido a uma intervenção cirúrgica. Desde então, estou em minha casa, em convalescença e aparentemente a “recuperar” bem – mas ainda sem condições para na próxima terça-feira (09/09/08) me deslocar a Lisboa para me apresentar a Junta Médica da ADSE…

Depois, sobre o jornalismo tendencioso ou não tendencioso e “a má-educação, incomprensível numa estação televisiva, emitida em sinal aberto e em horário nobre” apenas lhe digo que estas são matérias complexas cuja discussão não cabe no espaço de um comentário.

Todavia, para confirmar a minha opinião sobre o telejornal apresentado pela Manuela Moura Guedes, sugiro-lhe que releia o meu “post” “Um episódio tocante” que publiquei em 08/11/29 (http://teessea.blogspot.com/2008/11/um-episdio-tocante.html ).