2009-02-22

Uma casa de banho com duas retretes


Parecerá um daqueles episódios carnavalescos que, como se diz popularmente, “ninguém leva a mal”. Parecerá, porque, de facto, foi (e ainda é) um caso que eu entendo como ilustrativo da leviandade – para não usar outra expressão menos benevolente – com que se tomam decisões e se cumprem ordens no “País das Maravilhas” – país que é, desde há algum tempo, nas conversas de rua e até na televisão, apontado como o “país em que vivemos”.

Num dos dias da semana que hoje (09/02/21) se finda, em conjunto com representantes de outras entidades, eu participei numa vistoria a um estabelecimento público cujo funcionamento carece de licenciamento anual. Por razões diversas, a Comissão de Vistorias (que integro desde há mais de duas décadas) tem sido tolerante e permitido que as obras de beneficiação das instalações se prolonguem ao longo dos anos. Desta vez, porém, eu confrontei-me com uma situação nova, surpreendente, e, de modo contido, observei:


- Como nós não estamos a vistoriar uma creche, há aquí qualquer coisa de errado!...

Os outros elementos da comissão aproximaram-se e eu afastei-me da porta para que confirmassem: no mesmo compartimento, identificado como IS para pessoas com deficiência motora, duas retretes, separadas por uma estreita parede…

O representante da entidade proprietária do estabelecimento discordou do meu reparo e quando eu disse que “pelo menos” deveria eliminar uma das retretes ainda intentou contestar-me.

… Em 2009, no “país em que vivemos!”.

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Ilustração: Fotografia recolhida em Museo Nacional de Sanidad.

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