Sidónio Rosa é médico. Num encontro de profissionais de saúde que se realizou em Lisboa conheceu uma jovem moçambicana por quem se enamorou. Depois de responder a uma sua pergunta - “Sou da Guarda” - , a Deolinda susurrara-lhe fatalmente ao ouvido: - “Tu és o meu anjo-da-guarda”. As cartas que trocaram não apaziguaram a paixão. Associou-se a uma ONG (Organização Não Governamental) e ofereceu-se como voluntário para trabalhar em Moçambique. Em Vila Cacimba, à beira do mar fíndico, procurou a mulher que amava e encontrou os seus pais, Bartolomeu Sozinho, um velho que reiventara uma pátria para sobreviver, e Dona Munda, uma mulher ancestral.
Alojou-se numa pensão e em Vila Cacimba apenas conhece a ruela de areia que o conduz ao Posto de Saúde, onde numa “enfermaria improvisada nas traseiras” trata dos “soldados atingidos pela estranha epidemia que os convertera em tresandarilhos”, e à casa dos Sozinhos. Uma casa na “eterna penumbra”.
É neste cenário que se movimentam as figuras que Mia Couto recria no seu universo mitológico para pelos trilhos da alma nos desvendar um povo com quem eu aprendi que a vida não se consome nos gestos do quotidiano. Num romance: - “Venenos de Deus, Remédios do Diabo”.
Um livro para ler.
E reler. “Como se a viagem de Sidónio Rosa não tivesse partida nem chegada. Talvez por isso, em lugar de acácias e imbondeiros, ele assista ao vagaroso desfilar do casario de Lisboa. Afinal, Sidónio Rosa apenas agora está saindo da sua terra natal”.
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Ilustração: Imagem recolhida em Portal da Literatura .
Ilustração: Imagem recolhida em Portal da Literatura .
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