2007-11-27

Vinho, pão e azeitonas


Quando nos encontramos à mesa, nos restaurantes que frequentamos, o Asaedro nunca toca nas azeitonas que nos são servidas como aperitivo. Afasta a azeitoneira para um dos lados da mesa e observa-me: - “Eu não como isso!”. Receia, entre outras razões que invoca, que a azeitoneira haja sido recolhida noutra mesa, na melhor das hipóteses com as mesmíssimas azeitonas que nos foram servidas.

Eu concedo o benefício da dúvida e petisco as azeitonas. Mas confesso que não as manipulo. Depois de lavar as mãos, antes de me sentar à mesa, não as sujaria outra vez usando os dedos para transportar as azeitonas até à boca. Uso sempre palitos – agora higienizados e pré-embalados individualmente.

Há dias, no entanto, ao reparar no meu procedimento, o Asaedro insistiu: - “Não sujas as mãos, mas não sabes como é que essas azeitonas foram antes manuseadas... Poderão estar contaminadas!”.

Admiti o risco a que me expunha, mas não abandonei o hábito de forrar o estômago com meia dezena de azeitonas. E, instantes depois, quando me apercebi que o Asaedro estava a comer um pedaço de pão, de um pão que voltara a colocar no pequeno cesto de vime – revestido interiormente com um pano pretensamente de linho, com espigas bordadas – que nos puseram na mesa, não hesitei e disse-lhe: - “Desculpa-me, mas… Pão é que eu não como!”.

O Asaedro percebeu a pertinência da minha observação. Todavia, continuou a mastigar o pedaço de pão. E, para almoçarmos pacificamente, optámos por um período de tréguas no domínio da higiene e decidimos não nos questionarmos sequer sobre a origem do vinho-da-casa que nos foi servido num jarro de vidro – transparente, como convém…

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Ilustração: imagem recolhida em Planeta Educação.



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