2009-06-30

Pancho Guedes - fotógrafo, pela saúde da mãe moçambicana



O autor do arranjo gráfico e das fotografias de “Bebé Mamã” é uma figura relevante no mundo arte, sobretudo no domínio da arquitectura – que alguém disse ser “arte com gente dentro”. Em Moçambique, primeiro, e depois por aí, A. d’Alpoim Guedes é o ”Pancho” Guedes, cuja obra é objecto de uma exposição no Museu Berardo, em Lisboa, aberta ao público até 09/08/16.

Na exposição – “Pancho Guedes, Vitruvius Mozambicanus” -, que eu ainda não vi, provavelmente não estarão disponíveis os originais das fotografias que ilustram o livro de Deolinda Martins. Também por essa razão, decidi seleccionar e reproduzir duas dessas fotografias.

Uma ilustra o capítulo “O Desmame”, no qual Deolinda Martins ensina que a mãe “Deve continuar a dar leite ao seu filho, mas, a partir do 7º mês, é preciso fazer-lhe comer mais alguma coisa, porque, se lhe der só leite, o seu filho não virá a ser um homem forte (…)”. A outra mostra-nos “O Banho” para que a mãe saiba que “Deve lavar o seu filho todos os dias. Aqueça a água mas não muito; aqueça de modo que possa pôr o seu braço na água sem se queimar(…)”.

A outra razão para a reprodução das fotografias é sobretudo pessoal: enquanto profissional de saúde, congratulo-me com o empenho de A. d’Alpoim Guedes - o filho de Pancho Guedes - numa acção de Educação e Promoção da Saúde numa pátria que partilhámos: Moçambique.

2009-06-29

Alterações climáticas: Patrícia, a autora do girassol


Oportunamente, na sequência de uma notícia da SIC, nós divulgámos o quadro vencedor da 18ª. edição do concurso promovido pela UNEP, no âmbito das actividades integradas no Dia Mundial do Ambiente, sob o lema “Climate Change: actions you can take”. Hoje, por nos parecer importante dar rosto ao nome da jovem premiada, decidimos reproduzir a notícia do semanário “Sol” (edição de 09/06/26), ilustrada com uma fotografia da Patrícia – que, em Agosto, “estará presente na Conferência Internacional das Crianças para o Meio Ambiente (…) na Coreia do Sul” – ao lado do seu “girassol”.

Educação para Saúde, em Moçambique – antes da Independência


Bebé Mamã” é o título de um pequeno livro (de 43 páginas, que reencontrei ao arrumar uma das estantes do meu escritório) editado pelo Serviço Extra-Escolar da Província de MoçambiquePara a Melhoria Educativa e Social das Populações Moçambicanas”. Não tem data de edição mas trata-se de um “Trabalho executado nas oficinas gráficas da Empresa Moderna, Lda.”, sediada em Lourenço Marques. O texto é de Deolinda Martins e as fotografias e arranjo gráfico são de A. d’Alpoim Guedes.

No livro, a autora propõe-se “ensinar” a mulher e mãe moçambicana a “tomar conta” do bebé – desde a alimentação à vacinação – para que o filho possa “vir a ser uma pessoa saudável e feliz”. Escreve Deolinda Martins, no final da Introdução: - “Deus queira que ele (o livro) a ajude a ser uma mãe boa e sabedora, ensinando-lhe e explicando-lhe coisas e dando-lhe coragem para as fazer”.

Adoptando os conceitos actuais, o livro seria classificado como material de Educação para Saúde – no âmbito, talvez, da Saúde Materna. Entre os “ensinamentos”, há informações necessariamente de higiene pessoal mas também de higiene ambiental aplicável em casa – por pudor, decerto, a autora não escreveu “palhota” - e na área envolvente.

Em relação à habitação, Deolinda Martins pergunta: - “Sabe por que se devem limpar muitas vezes as nossas casas?” – E responde: - “Porque o sujo é a causa de muitas doenças”, pelo que propõe: - “Limpe a sua casa todos os dias: deite um pouco de água no chão e varra-o depois; lave muitas vezes tudo que há em casa: mesa, camas, cadeiras, guarda-comidas, etc.”.

Sobre a zona envolvente, a autora sugere, entre outras acções: - “Varra tudo à volta de casa para que o chão esteja limpo e liso. Quando o chão não está liso, há buracos onde a água fica quando chove, e esta água cria mosquitos. Corte todo o capim e todos os arbustos à volta da casa. No capim também se desenvolvem mosquitos”. E finaliza o capítulo “A Higiene da habitação” sugerindo à mamã moçambicana que “Não deixe as suas fezes (cocó) em qualquer parte, no mato ou à volta da sua casa. As fezes criam moscas e as moscas podem trazer-lhes, a si e à sua família, muitas doenças. Atrás da casa faça um buraco bem fundo para ali deixar as suas fezes, e não se esqueça de cobrir o buraco com uma tábua”.

Decorridos quatro dezenas de anos, pelo que sabemos da realidade do país, “Bebé Mamã” poderia ser reeditado e distribuido pelas mulheres e mães moçambicanas...

2009-06-21

Um Acidente de Trabalho – um caso de polícia


Na mesma edição (09/06/11) em que Antonio Astorga anuncia (pág. 65) a publicação (pela editora Mondadori) da novela “Jerusalém”, de Gonçalo M. Tavares, o diário ABC noticia na primeira página, sob a fotografia que reproduzimos, o caso do imigrante boliviano que foi “Explotado hasta perder el brazo”.

O caso pode contar-se em poucas palavras. Francisco Rilles Melgar, de 33 anos, trabalhador numa panificadora na zona industrial de Real de Gandia, na região de Valência, sofreu um acidente de trabalho grave: perdeu parte do braço esquerdo ao operar com uma amassadeira. O proprietário (ou um dos proprietários) da empresa usou um dos seus carros para transportar o trabalhador para o Hospital (de San Francisco, de Borja de Gandia) mas não o acompanhou ao Serviço de Urgências: abandonou-o a cerca de 50 metros de distância… e atirou a parte do braço amputada para um contentor do lixo.

O trabalhador, cidadão boliviano, imigrante, não tinha contrato de trabalho, não estava inscrito na Segurança Social e trabalhava 12 (doze) horas por dia para receber € 700 por mês…

O caso de Francisco Rilles Melgar é mais do que um acidente de trabalho grave: é um caso de polícia. Mas não se deve esquecer, mesmo aquí em Portugal, porque como disse (noutro contexto) o autor de “Jerusalém" “olvidar es un crimen”.

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Ilustração: fotografia da Agência EFE recolhida em ABC.es

2009-06-20

Luisa Portugal: - “Se eu fosse jornalista…”


Entre figuras mais ou menos conhecidas dos leitores e outras pouco mais que anónimas, semanalmente o jornal “O Mirante” desafia uma a divagar sobre o desafio de ser jornalista. Na edição desta semana (Nº 883, de 09/06/18) coube a vez a Luisa Portugal.

Comprando o semanário “O Mirante” (no Ribatejo, também distribuido pelo Expresso) ou clicando sobre a imagem, os leitores do JSA poderão ficar a saber que a Directora do ACES, Agrupamento de Centros de Saúde da Lezíria 1, “é uma leitora assídua de jornais” e que, se tivesse de assumir o papel de jornalista, escreveria “notícias relacionadas com saúde”.

… Esta informação é um bom pretexto para tentarmos que nos escreva um “post” para o JSA

2009-06-19

Alterações Climáticas – o quadro vencedor


Na região europeia, a 18ª edição do concurso de pintura - destinado a crianças entre os 5 e os 14 anos - promovido pela UNEP, United Nations Environment Programme, no âmbito das actividades integradas no Dia Mundial do Ambiente, sob o lema “Climate Change: actions you can take”, teve como vencedora uma estudante portuguesa – Patrícia Isabel Jesus Santos, de 14 anos, aluna da escola Infante D.Pedro, em Buarcos, Figueira da Foz.

O prémio - hoje (09/06/16) objecto de notícia no telejornal (da SIC) das 13.00 horas - foi anunciado no Dia Mundial do Ambiente (09/06/05).

2009-06-16

Salvaterra de Magos: um concelho sem Zonas Balneares


As Zonas Balneares são (ou devem ser) objecto de Vigilância Sanitária. Para definição do desenvolvimento dessa acção – no terreno, concretizada por TSA -, a DGS, Direcção-Geral de Saúde, divulgou recentemente dois documentos de leitura obrigatória: a Circular Normativa Nº 06/DA, de 09/06/04, "Execução do Programa de Vigilância Sanitária das Zonas Balneares Costeiras e de Transição" e a Circular Normativa Nº 07/DA, de 09/06/04, "Execução do Programa de Vigilância Sanitária das Zonas Balneares Interiores".

Aos documentos, disponíveis no site daquela entidade, acede-se pelo ítem “Circulares”. Exercício a que eu não procederei, porque, no concelho onde (ainda) exerço a profissão, já não há Zonas Balneares.

Há cerca de três dezenas de anos, quando comecei a trabalhar no Centro de Saúde, no concelho de Salvaterra de Magos havia duas praias – uma fluvial, na margem esquerda do Rio Tejo, e outra, estuarina, na Barragem de Magos. No primeiro caso, o vandalismo destruiu a Praia Doce. No outro, no Plano de Ordenamento da Albufeira, a opção (técnica ou política) que prevaleceu estabelece a interdição de banho e natação.

Enquanto TSA, estou dispensado da leitura dos Programas de Vigilância Sanitária da Zonas Balneares para o ano em curso. Enquanto cidadão, lamento as perdas que se registaram e empobrecem o concelho de Salvaterra de Magos.

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Ilustração: Fotografia recolhida em Young Reporters for the Environment

2009-06-15

Saúde Pública – Cursos de Verão


Depois de “veinte años al servicio de la formación e innovación científica en el campo de la salud pública”, a edição de 2009 da Escuela de Verano de Salud Pública de Menorca integra as jornadas "Cine y Salud Pública", organizadas com a colaboração da UIMP, Universidad Internacional Menéndez Pelayo.

Uma novidade no Programa que, este ano, abrange Cursossobre la prevención de enfermedades crónicas - ales como las cardiovasculares o el síndrome de fatiga crónica -, la elaboración de proyectos de investigación europeos, la enseñanza basada en problemas, las habilidades emocionales de los profesionales que trabajan en el campo de la dependencia, o la evaluación de las innovaciones tecnológicas en los servicios sanitarios”, e, como habitualmente, diversos Encontros com “temas relacionados con los avances en las actividades preventivas y de promoción de la salud en atención primaria, las desigualdades en salud, la ley de reforma de la salud pública, la prevención de los accidentes de tráfico, la vigilancia epidemiológica, la evaluación de la investigación y formación en salud, y la participación de diversas sociedades científicas y redes de investigación”.

Entre 09/09/21 e 09/09/26, em Maó, Menorca – uma ilha Reserva da Biosfera.

2009-06-12

Confirmo: as cegonhas é que sabem…



Duvido que tenha sido devido à minha advertência. Mas o certo é que o ninho não foi derrubado, como sucedeu com todos os outros no topo dos postes em volta. E decorridos quatro meses aí está a família…

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Ilustração: Fotografias por Duarte d’Oliveira (09/06/12)

2009-06-08

Eleições: o princípio do fim da arrogância!


2009 é um ano de eleições. As primeiras – as Europeias, para a eleição dos deputados para o Parlamento Europeu – realizaram-se ontem. Seguir-se-ão as Legislativas e as Autárquicas.

Ontem, a participação dos cidadãos eleitores foi baixa: a abstenção foi superior a 60% (63%). Um valor susceptível de múltiplas interpretações – desde a indiferença pelo acto eleitoral à penalização dos actores políticos.

No final do dia, os resultados que se registaram mereceram-me um primeiro comentário: "espero que representem o fim da arrogância!"


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Ilustração: Imagem recolhida em Centro de Informação Europeia Jacques Delors

2009-06-05

Corrupção de TSA. Um caso, de tentativa…


Na SIC, hoje (09/06/04), o programa “Aquí & Agora” foi dedicado a um tema antigo que persiste na actualidade portuguesa: a Corrupção. Enquanto ouvia os convidados, que participavam activamente na discussão (coordenada por Rodrigues Guedes de Carvalho), lembrei-me de tratar esta matéria mas no âmbito restrito dos TSA, Técnicos de Saúde Ambiental.

Eu não sei se há ou se houve casos de corrupção envolvendo TSA. Mas garanto – repito: garanto – que houve tentativas de suborno de TSA. Entre outros, para ilustrar a minha afirmação, relatarei um caso que conheço e poderá ser testemunhado por cerca de uma dezena de pessoas. O caso paradigmático de um TSA que não se deixou subornar. Há já alguns anos.

Situado à beira de uma estrada que continua com muito trânsito, o restaurante, instalado num edifício abarracado, estaria sempre cheio. Sobretudo pela hora de almoço, quando os veículos estacionados no espaço envolvente se contariam às dezenas. Muitas pessoas questionavam o TSA – “Porque não vai lá?” –, ele respondia quase sempre: - “Se eu for lá, será para o fechar!" – e, invariavelmente, acrescentava: - “Quem o frequenta, consente aquelas condições!”.

Um dia, o proprietário do estabelecimento pediu ao TSA uma análise da água. Na data marcada, o TSA foi lá e recolheu uma amostra no poço de abastecimento. Antes ou depois de recolher a amostra, o TSA disse ao proprietário do estabelecimento: - "Eu não preciso sequer de esperar pelo resultado das análises: a água está imprópria para consumo!"-. Depois, apontando para a superfície da água, turva, com objectos vários e bicharada morta a flutuar, o TSA não hesitou: - "Enquanto não tiver outro sistema de abastecimento de água, o restaurante terá de ficar encerrado". – E acrescentou: - “Nós” – aludindo ao SSP, Serviço de Saúde Pública – “vamos pedir a colaboração da Inspecção Económica (DGIE, Direcção-Geral da Inspecção Económica, que precedeu a ASAE)…”.

Poucos dias depois, com inspectores daquela entidade, o TSA voltou ao restaurante e o estabelecimento foi encerrado. Em condições minimamente aceitáveis para as diferentes partes: o restaurante suspenderia o funcionamento cerca de uma semana depois, quando, conforme estava estabelecido com os trabalhadores (talvez uma dezena) encerraria para férias. O acordo foi cumprido.

Após o período de férias, o gabinete do TSA foi ocupado pelos trabalhadores do restaurante. Motivo: como o estabelecimento não podia reabrir, “o patrão” – disseram – “mandou-nos cá pedir ao senhor que nos pague o ordenado…”. Foi uma manhã tumultuosa. Mas as pessoas acabaram por entender a intervenção das entidades envolvidas e aceitaram cordatamente os esclarecimentos do TSA sobre os riscos para a saúde associados ao consumo daquela água.

Alguns meses depois o proprietário do estabelecimento reabriu outro restaurante, perto do mesmo local, cumprindo os procedimentos administrativos previstos na legislação em vigor e os requisitos higio-sanitários regulamentares. E foi ao Centro de Saúde agradecer ao TSA - “Se não me tivesse encerrado o barracão, eu não teria o restaurante que tenho hoje” –, propor-lhe uma visita prévia antes da vistoria formal para a eventual concessão do Alvará e convidá-lo para um jantar inaugurativo. O TSA acedeu, mas, em relação ao jantar, contrapôs: - “Irei ao jantar, mas só se aceitar que eu vá com as minhas colegas…”, pormenor que o proprietário não contestou: - “Diga-me apenas quantas pessoas são, para eu preparar as mesas”.

Durante a manhã do dia marcado para o jantar, o TSA foi visitar o estabelecimento. Percorreu as instalações, terá reconhecido alguns dos antigos trabalhadores, transmitiu algumas informações susceptíveis de beneficiar o funcionamento do estabelecimento e no final não se recusou a receber uma pequena oferta de agradecimento – uma caixa que lhe pareceu ser de uma garrafa de wisky. Que desembrulhou, sentado à secretária, no seu gabinete (o espaço de Saúde Ambiental), no Centro de Saúde. Todavia, ao abir a caixa, deparou-se com uma garrafa de Vinho do Porto (velho...) e um envelope com (contou as notas) 50 000$00 (cinquenta mil escudos, cinquenta contos), cerca de metade do vencimento que então auferia. De imediato, foi à Secretaria e disse às colegas: - “Afinal, logo já não iremos jantar ao…” – e mostrou o envelope, com o maço de notas. – “Só iremos, se…”. E contou o seu plano.

De regresso ao gabinete, telefonou para o proprietário do restaurante e disse-lhe: -“Agradeço-lhe o Vinho do Porto, que ficará aquí no Centro de Saúde para nós irmos beberricando… Quanto ao jantar, nós só iremos se aceitar uma condição: quando entrarmos, e eu irei à frente, o senhor virá cumprimentar-nos. Quando me cumprimentar, o senhor receberá discretamente a devolução do envelope. Caso contrário… ”.

Pelo final do dia, o TSA devolveu o envelope, o proprietário esmerou-se no serviço e o jantar (com cerca de uma dezena de colegas do TSA, incluindo a MSP) decorreu animadamente. Um jantar histórico, na memória do TSA. Que não cedeu à tentativa de suborno e que, com a sua atitude, terá de algum modo contribuido para a promoção da cidadania.

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Ilustração: Imagem recolhida em Clube do Livro

2009-06-03

Qualidade das Águas Baneares – novo regime


Dois dias depois do começo oficial da época balnear (09/06/01), o Diário da República publicou na edição de hoje (09/06/03) o Decreto-Lei Nº 135/2009 que “Estabelece o regime de identificação, gestão, monitorização e classificação da qualidade das águas balneares e de prestação de informação ao público sobre as mesmas, transpondo para a ordem jurídica interna a Directiva n.º 2006/7/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de Fevereiro, relativa à gestão da qualidade das águas balneares”.

No Artigo 12º alineiam-se as competências do “director do Departamento de Saúde Pública, em articulação com as unidades de saúde pública” (sic), as quais consistem em “desenvolver as seguintes acções de vigilância" sanitária:

"a) Avaliar as condições de segurança e funcionamento das instalações e envolventes das zonas balneares;
b) Realizar análises que complementem a avaliação da qualidade das águas balneares;
c) Realizar estudos orientados para a avaliação de factores de risco, quando justificados pelos dados ambientais ou epidemiológicos;
d) Avaliar o risco para a saúde da prática balnear
”.

Os leitores do JSA, sobretudo os profissionais de Saúde Ambiental e de Saúde Pública, dispõem de mais um diploma para ler e analisar. Mas com vagar: como determina o Artigo 25º, “O presente decreto-lei entra em vigor em 1 de Novembro de 2009”.

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Ilustração: Fotografia recolhida em Público .

2009-06-02

Mitigar a fome, preservar a saúde


Durante o fim-de-semana, milhares de voluntários colaboraram activamente na campanha promovida pelo Banco Alimentar Contra a Fome. Sobretudo nos hipermercados, distribuiram sacos às pessoas que entravam para os recolherem à saída eventualmente com as ofertas de cada uma. E as pessoas foram generosas. Neste período difícil que atravessamos, com o desemprego a crescer diariamente, com cada vez mais famílias a subsistirem com o Rendimento Mínimo (e outras completamente dependentes de terceiros), os voluntários recolheram 1935 toneladas de alimentos que serão distribuidos por milhares de famílias carenciadas. Através das instituições de solidariedade social de muitas localidades.

Os produtos alimentares oferecidos são de natureza diversa, alguns perecíveis. Eu sei, pessoalmente – informação também disponível no respectivo sítio -, que os colaboradores da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome cumprem orientações rigorosas no manuseamento, acondicionamento, transporte e armazenamento desses produtos alimentares. Porém, talvez o mesmo não aconteça em algumas das instituições de solidariedade social.

Reconheço que esta matéria é delicada. Todavia, eu entendo que deve ser objecto de atenção pelas entidades fiscalizadoras e/ou com responsabilidades na vigilância sanitária no âmbito da segurança alimentar, designadamente pelos Serviços de Saude Pública de cada Centro de Saúde. Para se prevenirem riscos susceptíveis de afectar a saúde das pessoas beneficiadas. Pelas mais diferentes razões, desde a falta de formação à negligência das pessoas envolvidas.

Ainda recentemente, no decurso de uma vistoria (por outros motivos) às instalações de uma dessas entidades, em conjunto com representantes de outras entidades, eu fui encontrar numa garagem transformada improvisadamente em armazém um frigorífico do tipo doméstico desactivado e algumas poucas caixas de cartão com produtos alimentares em cima de uma mesa onde se acumulavam outros materiais. Movido pela curiosidade (como referi, a vistoria tinha outro objectivo), espreitei para as caixas e chamei a atenção do responsável dessa instituição para o facto de haver embalagens de margarina (que carecem de conservação no frio) sem protecção e de outros produtos alimentares (bolachas e massas, entre outros) roídas por ratos. Observei que aqueles produtos não estavam em condições para serem consumidos e que deveriam ser removidos para o lixo. Aquele responsável respondeu-me (literalmente) que não tinha dinheiro para criar outras condições de armazenamento e que a família destinatária apesar de avisada ainda não fora levantar as caixas... Família que (como fiquei a saber) vivia a cerca de 20 (vinte) quilómetros de distância…

Repito: - “reconheço que esta matéria é delicada. Todavia, eu entendo que deve ser objecto de atenção pelas entidades fiscalizadoras e/ou com responsabilidades na vigilância sanitária no âmbito da segurança alimentar”. Para se respeitar a generosidade de quem partilha, se responsabilizar quem distribui e se proteger a dignidade de quem recebe.

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Ilustração: Imagem recolhida em Banco Alimentar

Em Coruche, um carro ecológico


A Câmara Municipal de Coruche será a primeira autarquia da zona centro de Portugal a dispor - na frota do Serviço de Ambiente - de um carro ecológico, eléctrico, para a recolha de cartão na sede do concelho.

De acordo com a informação que nos foi disponibilizada, trata-se de um veículo que “permite proceder a operações de deslocação e transporte, sem poluir o ar e com um consumo muito económico de energia”.

Um bom investimento, anunciado no princípio da semana em que se comemora o “Dia Mundial do Ambiente” (09/06/05).