2008-07-13

O tabaco, a saúde e um hipotético referendo


Há cerca de seis meses, num artigo de opinião (carregado de ironia) publicado no Público (edição de 08/01/16), Catarina Almeida – que se identificou como fumadora e ex-mandatária do movimento “Diz que não” – escreveu sobre a “Despenalização do fumo e do aborto” e lembrou que “Enquanto o governo proíbe o cigarro, permite e paga o aborto”.

Não guardei o recorte do jornal mas guardei o comentário que então escrevi para o divulgar noutro momento, talvez mais oportuno. Hoje, por exemplo, quando se passam (como observei no início) seis meses sobre a data de publicação do artigo.

Antecipa Catarina Almeida que em 2028, ano em que “talvez não cheguemos a ler esta noticia”: - “O Presidente da República Portuguesa convocou hoje o referendo à despenalização do fumo em locais públicos, depois de o Tribunal Constitucional se ter pronunciado favoravelmente à pergunta: - “Concorda com a despenalização do fumo em locais públicos, se realizado por opção do fumador maior de idade ou emancipado?

A relação de analogia que estabelece com a legislação sobre o aborto é evidenciada pela autora. Que, antes de concluir, reivindica que “Portugal precisa de uma política de saúde consistente e coerente: identificar os males, combater as causas, fomentar as práticas que evitem o flagelo, seja através da prevenção seja através de apoio às alternativas e, finalmente, proibir as práticas prejudiciais, respeitando os valores da liberdade em confronto”.

Na generalidade, não discordo da opinião de Catarina Almeida. Sobretudo, porque, como sublinha, “Do tabagismo poderá recuperar-se o fumador, do aborto nunca mais se recuperarão pelo menos duas vítimas: a mãe e o seu filho”.

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Nota final: - Na mesma edição do Público, num artigo assinado por Bárbara Simões, li: - “O número de abortos realizados, a pedido da mulher, em hospitais públicos e clínicas privadas ronda, em média, mil por mês – e continua a ficar bastante aquém das estimativas que faziam prever 20 mil a 25 mil interrupções voluntárias de gravidez por ano”. Li, e perguntei-me: - será que se trata de mais uma “promessa não cumprida”?

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Ilustração: Imagem recolhida em Sala de Espera.

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